'39

Viagem no tempo e saudade em “'39” do Queen

A música “'39” do Queen, composta por Brian May, transforma um conceito científico complexo – a dilatação do tempo da Teoria da Relatividade – em uma narrativa emocional sobre perda e saudade. Inspirado por sua formação em astrofísica, May conta a história de voluntários que partem em uma missão espacial para encontrar um novo lar para a humanidade. Quando retornam, percebem que, embora tenham envelhecido apenas um ano, cem anos se passaram na Terra. Esse contraste entre o tempo vivido pelos viajantes e o tempo real dos que ficaram é o ponto central da canção, criando uma atmosfera de nostalgia e estranhamento.

A letra destaca o impacto emocional desse desencontro temporal. O verso “Though I'm older but a year, your mother's eyes, from your eyes, cry to me” (“Embora eu tenha envelhecido apenas um ano, os olhos de sua mãe, através dos seus olhos, choram para mim”) mostra o choque de encontrar descendentes no lugar dos entes queridos. O refrão, “Don't you hear my call? Though you're many years away” (“Você não ouve meu chamado? Embora você esteja muitos anos distante”), reforça a distância criada pelo tempo, não pelo espaço. Imagens como “escrever cartas na areia” e “o dia em que tomarei sua mão” expressam esperança e saudade, mas também a fragilidade dos laços humanos diante das forças do universo. Assim, “'39” vai além da ficção científica, refletindo sobre o preço emocional do progresso e o que se perde ao buscar o desconhecido.