It Is What It Is

Ciclo emocional em “It Is What It Is”, de Rachel Chinouriri

O refrão “It Is What It Is” (É o que é) soa conformado, mas aqui vira diagnóstico: a passividade dele é o problema. O formato de bate-papo — com áudios de Olivia Dean, Cat Burns e Mae Muller — transforma a faixa em intervenção coletiva, não só desabafo. A letra expõe um ciclo de indecisão e jogo emocional: “Hot and cold, hit and miss, up and down” (quente e frio, às vezes acerta, às vezes erra, altos e baixos) e “you don’t know whether you’re in or you’re out” (você não sabe se está dentro ou fora) resumem o puxa-encolhe, enquanto ele fala de “chemistry” (química) e “compatibility” (compatibilidade), mas age ao contrário (beija, liga, some, reaparece). As gírias britânicas reforçam o tom: “takin’ a piss” (tirando sarro/zoando) e “aired you” (te deixou no vácuo). No meio da confusão — “risky texts” (mensagens arriscadas), perguntas sobre ex, limites borrados —, ela ensaia um contra-ataque petty: “what if I called you… then aired you…?” (e se eu te ligasse… e depois te deixasse no vácuo?) para espelhar o absurdo. O refrão carimba a tese: “It is what it is, what it is is a problem.” (É o que é, e o que é, é um problema.)

Vinda do álbum de estreia What A Devastating Turn of Events (2024), a canção usa produção minimalista — baixo simples e assobios — para manter a conversa em primeiro plano, como se estivéssemos no grupo ouvindo e opinando. Em entrevistas, Rachel Chinouriri disse que escreveu num humor “petty”; isso aparece quando ela oscila entre admitir que ele “é meio o meu tipo” e, com o coro das amigas no fim, reconhecer que “você é melhor do que isso”. A mensagem é direta: comunicação falha e intenções ambíguas alimentam contradições e manipulação; aceitar “é o que é” não resolve quando “o que é” está errado. A faixa equilibra frustração e autoafirmação: reconhecer o próprio valor, impor limites e sair do loop do vai e volta, com a rede de amigas dando o empurrão final.