Maria

Imigração e resistência em "Maria" do Rage Against The Machine

A música "Maria" do Rage Against The Machine aborda de forma direta a exploração de imigrantes latino-americanos nos Estados Unidos, usando a personagem Maria como símbolo da luta dessas comunidades. No trecho “As human contraband / Some rico from Jalisco / Passed her name to tha boss” (“Como contrabando humano / Um rico de Jalisco / Passou seu nome para o chefe”), a letra denuncia o tráfico de pessoas e a transformação de seres humanos em mercadoria. A menção ao "cross" que Maria segura reforça tanto sua fé quanto o sofrimento e o sacrifício impostos a ela. Zack de la Rocha, vocalista da banda, se inspirou em suas experiências com o movimento zapatista no México, o que se reflete na crítica às condições desumanas enfrentadas por trabalhadores migrantes, como em “She stuffed ten to a truckbed” (“Ela colocou dez na carroceria de um caminhão”) e “Degree 106 / Sweat and vomit are thrown” (“106 graus / Suor e vômito são lançados”).

A letra também faz críticas históricas e políticas, como em “Of Yanqui guns for blood debts on tha loans / Of smoldering fields, rape, rubble and bones” (“De armas ianques por dívidas de sangue nos empréstimos / De campos fumegantes, estupro, escombros e ossos”), responsabilizando os Estados Unidos pela violência e pobreza que levam à migração. O refrão “These are her mountains and skies / And she radiates / And through history's rivers of blood / She regenerates” (“Estas são suas montanhas e céus / E ela irradia / E através dos rios de sangue da história / Ela se regenera”) transforma Maria em símbolo de resistência, mostrando que, apesar da opressão, ela e sua comunidade persistem. O chamado final para “tear away at the mask” (“arrancar a máscara”) convida a sociedade a expor injustiças e desafiar a indiferença diante do sofrimento dos imigrantes, reforçando o tom crítico e engajado da canção.