Cearenses (Parodia de Margarida Vai À Fonte)
Raimundo Ramos
Cearense vai ao Norte
Cearense vai ao Norte
Sonhando áureo Castello
Sai d’aqui robusto e forte
De lá, se escapa da morte
Volta magro e amarelo
Sai d’aqui robusto e forte
Volta magro e amarelo
Quando ele d’aqui embarca
Vai descalço e quase nu
Leva um cacete, uma faca
Uma rede e velha maca
Quando volta traz bahú
Leva uma rêde e uma maca
Quando volta traz bahú
Vai de camisa e ceroula
Às vezes rasgada em tira
Vem de lá todo paixola
De chapéu de Sol e cartola
E terno de casimira
Vem de lá todo paixola
Em terno de casimira
Por vantagens tão pequenas
Qual loucos desmiolados
Deixam as plagas amenas
Embarcam d’aqui centenas
Voltam quatro acesoados
Embarcam d’aqui centenas
Voltam quatro acesoados
Eu por isso vou sofrendo
Esta terrível pobreza
Vou chorando, vou gemendo
Mesmo pobre vou vivendo
Não invejo tal riqueza
Mesmo pobre vou vivendo
Não invejo tal riqueza
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