Missippi Flush

Violência e desilusão no jogo em "Missippi Flush"

Em "Missippi Flush", Ray Wylie Hubbard expõe de forma direta e sombria a relação entre azar, violência e desespero no universo dos jogos de cartas. O título faz referência a uma expressão criada pelo próprio Hubbard: "Mississippi flush" seria uma mão de pôquer fictícia composta por "um pequeno revólver e 85 cartas". Isso significa que, quando tudo falha, a força bruta pode decidir o resultado, independentemente da sorte ou da habilidade do adversário. Esse conceito aparece claramente no verso: “Somebody said it ain't good enough / 'Cause that don't beat a Mississippi flush” (Alguém disse que não é bom o bastante / Porque isso não vence um Mississippi flush), mostrando que nem a melhor mão supera a ameaça de violência.

A letra mistura elementos clássicos do pôquer, como "one eyed jack", "suicide king" e "ace of spades", com pedidos de alívio e redenção: “Deliver me from my sorrow and shame / Release me from my burden and pain” (Livra-me da minha tristeza e vergonha / Liberta-me do meu fardo e dor). Esses versos reforçam o sentimento de derrota inevitável, típico dos personagens de Hubbard, que mesmo quando parecem ganhar, acabam perdendo. O refrão, com a imagem do "blackbird", simboliza fuga e morte, sugerindo que todos os jogadores estão sozinhos e condenados: “Tell the gambler's their gonna die alone” (Diga aos jogadores que eles vão morrer sozinhos). A menção ao "river" e ao ato de "jump in" pode ser entendida tanto como desistência do jogo quanto como desejo de escapar da própria vida, ampliando o tom sombrio da música. Assim, Hubbard constrói um retrato cru do mundo dos apostadores, onde a sorte é relativa e a violência pode ser a carta final.