Alqueirão de Saudade

Solidão rural e vazio emocional em “Alqueirão de Saudade”

Em “Alqueirão de Saudade”, Rionegro & Solimões usam a expressão do título para transformar uma medida de terra típica do campo em símbolo do tamanho da solidão do personagem. A música narra a história de um homem que, após uma briga, é abandonado pela amada. A ausência dela não esvazia apenas a casa, mas toda a roça, deixando o ambiente sem vida. A comparação da solidão com a geada — “quando não queima, mata” — reforça a intensidade da dor, já que a geada pode destruir plantações inteiras, assim como a separação pode devastar emocionalmente.

A letra destaca o contraste entre o homem do campo, descrito como “bruto do coração mole”, e sua fragilidade diante da perda. Expressões como “perdi as rédeas desse amor” e “ela abriu a porteira e foi embora do meu coração” unem a linguagem rural à experiência emocional, mostrando que, mesmo em um ambiente rústico, sentimentos como saudade e solidão são profundos. O refrão, ao afirmar que a vida sem ela é “só saudade e uns goles”, indica que o personagem tenta aliviar a dor com bebida, mas nada preenche o vazio. Assim, a música retrata de forma direta como o universo rural também é palco de grandes vazios emocionais, usando imagens do campo para falar de sentimentos universais.