Saudação

Relações espirituais e resistência em “Saudação” de Rita Benneditto

“Saudação”, de Rita Benneditto, é uma homenagem direta às religiões afro-brasileiras, marcada pelo uso de saudações tradicionais a orixás e entidades espirituais. Expressões como “Laroyê êxu é Mojubá” para Exu, “Ogunhé Patakori” para Ogum e “Kaô Cabecilê Xangô” para Xangô aparecem na letra, mostrando respeito e pedindo proteção dessas divindades. Essas saudações são mais do que simples cumprimentos: funcionam como pontes entre o mundo material e o espiritual, reafirmando a importância dos orixás no candomblé e na umbanda, além de celebrar a ancestralidade e a força das tradições afro-brasileiras.

A música também destaca o sincretismo religioso brasileiro ao citar elementos como o “sino da igrejinha” e a cigana, mostrando o diálogo entre diferentes crenças presentes na cultura do país. Rita Benneditto reforça sua ligação com o Maranhão e com as raízes africanas ao adotar esse repertório, algo que se conecta ao projeto “Tecnomacumba” e à escolha do nome artístico em homenagem a São Benedito, símbolo de resistência cultural. Ao mencionar entidades como Zé Pelintra e Tranca Rua, a canção amplia o universo espiritual abordado, incluindo figuras importantes das linhas de trabalho espiritual. O verso final, “deixei o meia-noite tomando conta da cancela”, sugere proteção espiritual constante. Assim, “Saudação” se firma como um manifesto de respeito, celebração e afirmação da herança afro-brasileira, promovendo o reconhecimento dessas tradições na música popular e combatendo o preconceito.