Não Acreditei

Símbolos e resistência periférica em “Não Acreditei”

Em “Não Acreditei”, Rodrigo Zin utiliza imagens marcantes para ressignificar símbolos clássicos de poder e heroísmo, trazendo-os para o contexto das periferias brasileiras. A cena da Excalibur emergindo de uma favela, em vez da tradicional pedra da lenda arturiana, mostra como Zin valoriza a força e a criatividade das comunidades marginalizadas. Ao conectar essa metáfora à faixa amarela de Noel Rosa, ele ancora sua crítica social na tradição do samba, destacando que a resistência das periferias é uma herança cultural tão importante quanto qualquer mito europeu.

A letra tem um tom direto e urbano, abordando temas como desigualdade e desilusão diante de promessas não cumpridas: “Promessas parecem lindas, mas não enchem o teu prato”. Zin questiona narrativas impostas e incentiva a autoconfiança, como em “Ame a si mesmo e nunca será enganado”, rejeitando a ideia de esperar por heróis externos. O verso “Sem o prego, tu perde a ferradura... você perde a guerra” ilustra como pequenas perdas podem levar a derrotas maiores, ressaltando a importância dos detalhes na luta diária. A referência à música “Fita Amarela”, de Noel Rosa, especialmente em “Quero uma fita amarela gravada com o nome dela”, reforça o desejo de uma despedida sem lamentos, celebrando a vida. Ao longo da faixa, Zin mistura crítica social, referências culturais e reflexões sobre identidade, convidando o ouvinte a questionar as histórias que lhe são contadas e a buscar força em sua própria trajetória e comunidade.