Reigan (part. adieu)

Crítica social e memória em “Reigan (part. adieu)” de Rodrigo Zin

Em “Reigan (part. adieu)”, Rodrigo Zin, com participação de adieu, utiliza a referência à Alegoria da Caverna de Platão para criticar a tendência de parte da sociedade em se acomodar na ignorância, mesmo diante de realidades duras e injustas. Ao perguntar “O que Platão nos diria / Sabendo que a caverna é um bom lugar?”, o artista sugere que muitos preferem permanecer alheios à verdade, reforçando a ideia de alienação social, especialmente em tempos de crise como a pandemia de COVID-19, citada explicitamente na letra e no contexto em que a música foi lançada.

A canção também denuncia a desigualdade econômica e a manipulação política, como nos versos “Quem tá em primeiro, não sofre / Quem tá em primeiro é o cofre / Rico fazendo dinheiro em cima de pobre”. O termo “Reigan” faz um trocadilho com “rei”, representando os poderosos que perpetuam a injustiça social, enquanto a expressão “Worst than Satan!” (Pior que Satanás!) intensifica a crítica à elite dominante. O refrão “Não toca em Deus, não toca nos meus! / Não toca na família / Você perdeu / Não fez nada! / Só foi praga! / Essa é por cada um que já sofreu” expressa indignação e luto coletivo, remetendo à perda de mais de 600 mil vidas na pandemia e ao descaso das autoridades. A música ainda aborda o racismo estrutural, como em “Vota em branco e o branco ainda é racista”, e questiona a manipulação de discursos religiosos e políticos, colocando em dúvida a autenticidade da fé e das intenções dos líderes. O verso final, “Memórias frias de uma pandemia”, resume o sentimento de dor, revolta e memória coletiva que atravessa toda a canção.