In Dreams

A dualidade entre sonho e perda em “In Dreams” de Roy Orbison

A música “In Dreams”, de Roy Orbison, começa com a imagem do “candy-colored clown they call the Sandman” (“palhaço colorido de doces que eles chamam de Homem da Areia”), uma figura do folclore que simboliza o sono e conduz o protagonista a um universo de sonhos. Esse elemento lúdico e quase infantil serve como porta de entrada para um espaço onde a realidade é suspensa e o personagem pode reviver um amor perdido. O próprio Orbison afirmou que a canção foi inspirada em um sonho real, o que reforça a autenticidade desse mergulho no subconsciente, onde desejos e saudades se manifestam sem as limitações do mundo real.

A estrutura da música, sem refrões repetidos, cria uma sensação de fluxo contínuo, semelhante ao dos sonhos, e intensifica o tom nostálgico e melancólico. O contraste entre o conforto do sonho — “In dreams, you're mine all the time / We're together in dreams, in dreams” (“Nos sonhos, você é minha o tempo todo / Estamos juntos nos sonhos, nos sonhos”) — e a dor do despertar — “But just before the dawn / I awake and find you gone” (“Mas pouco antes do amanhecer / Eu acordo e vejo que você se foi”) — destaca a fragilidade das ilusões e a inevitabilidade da perda. A música ganhou ainda mais profundidade ao ser usada no filme “Veludo Azul”, de David Lynch, em um contexto sombrio, mostrando que os sonhos podem ser tanto um refúgio quanto uma fonte de angústia. “In Dreams” expressa a busca universal por consolo no imaginário, mesmo sabendo que, ao acordar, resta apenas a saudade.