Puede

Vulnerabilidade e autoengano em "Puede" de RUGGERO

Em "Puede", RUGGERO explora o autoengano como forma de lidar com a dor do término. A repetição do verso “pero yo me miento” (“mas eu me engano”) mostra como o personagem prefere se iludir a encarar a realidade da perda. Esse mecanismo aparece também em “puede que sí / y solo soy yo creyéndome el cuento / de que me extrañas, aunque no sea cierto” (“pode ser que sim / e sou só eu acreditando na história / de que você sente minha falta, mesmo que não seja verdade”), evidenciando a dificuldade de aceitar o fim e a tendência de criar histórias para amenizar o sofrimento.

RUGGERO já afirmou que "Puede" representa um novo começo em sua carreira e reflete sua maturidade. Isso se conecta à vulnerabilidade presente na letra, em que o artista admite dúvidas, negação e saudade, como em “sé que es así / pero me niego, no voy aceptarlo” (“sei que é assim / mas eu nego, não vou aceitar”) e “ya sé que mi actitud no es la correcta / pero tengo mil preguntas sin una respuesta” (“já sei que minha atitude não é a correta / mas tenho mil perguntas sem resposta”). Esses trechos mostram o conflito entre razão e emoção e a busca por respostas após o fim de um relacionamento. A imagem das “mariposas por toda la piel” (“borboletas por toda a pele”) reforça a intensidade do sentimento, enquanto as fotos não apagadas simbolizam o apego ao passado. O tom honesto da canção, junto à produção intimista do videoclipe gravado em casa durante a quarentena, destaca a autenticidade e entrega emocional de RUGGERO nesse momento de transição.