Samba-Enredo 2016 - A Ópera Dos Malandros

Identidade e resistência em “Samba-Enredo 2016 - A Ópera Dos Malandros”

Em “Samba-Enredo 2016 - A Ópera Dos Malandros”, do G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro (RJ), a figura do malandro é celebrada como símbolo de resistência, criatividade e alegria popular. A repetição do verso “É que eu sou malandro batuqueiro, cria lá do Morro do Salgueiro” destaca o orgulho de pertencer à comunidade e reforça a identidade do personagem central, que representa tanto o morro quanto a tradição do samba. O samba-enredo faz questão de conectar essa figura à cultura afro-brasileira, especialmente ao citar saudações como “Laroyê, mojubá, axé!”, que remetem a Exu e à espiritualidade da Umbanda, trazendo a ideia de proteção e sorte para o malandro. A referência a Zé Pelintra, entidade associada à boemia e à malandragem, aprofunda ainda mais a ligação entre o samba, a fé e a vida noturna do Rio de Janeiro.

A letra também explora temas como sorte e destino, como nos versos “Ê, filho da sorte eu sou / Vento sopra a meu favor / Gira, sorte, gira, mundo / Malandro, deixa girar / Quem dá as cartas sou eu / Pode apostar”. O malandro é retratado como alguém que confia em si mesmo, enfrenta a vida com leveza e malícia, e faz da boemia sua filosofia, como em “O samba vadio, meu povo a cantar / Dia a dia, bar em bar / Eis minha filosofia, nos braços da boemia / Me deixo levar”. Inspirado na “Ópera do Malandro” de Chico Buarque, o samba-enredo mistura referências culturais, religiosas e musicais para criar um retrato vibrante do malandro carioca, que é ao mesmo tempo mestre-sala das madrugadas e mensageiro da paz nas ruas do Rio.