Samba-Enredo 2019 - Xangô

Xangô como símbolo de justiça e ancestralidade em “Samba-Enredo 2019 - Xangô”

O samba-enredo “Samba-Enredo 2019 - Xangô”, do G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro (RJ), destaca a forte ligação da escola com Xangô, orixá associado à justiça, força e resistência. Ao chamá-lo de “justiceiro da Nação Nagô” e padroeiro do Salgueiro, a letra evidencia tanto a devoção religiosa quanto a identificação da escola com esses valores. Expressões em iorubá, como “Oba Ko so!” e “Aláàfin de Oyó”, conectam diretamente a música à mitologia africana, ressaltando Xangô como o rei invencível de Oyó e reforçando sua imagem de liderança. O samba também cita o ritmo “alujá”, tradicional de celebrações para Xangô, e menciona Oyá (Iansã), orixá dos ventos, mostrando a riqueza das relações entre os orixás e a cultura afro-brasileira.

A referência a “Bahia, meus olhos ainda estão brilhando” e ao “fogo no gongá” remete ao desfile marcante de 1969, quando Júlio Machado, o “Xangô do Salgueiro”, desfilou incorporando o orixá, criando um elo afetivo entre a escola e Xangô. O verso “Na igreja ou no candomblé / A bênção, meu Orixá!” valoriza o sincretismo religioso, mostrando respeito às diferentes formas de fé presentes no Brasil. O machado, símbolo de Xangô, aparece como instrumento de justiça, enquanto água e fogo representam renovação e proteção. Ao convidar a comunidade a “cantar pra saudar, Obanixé kaô!”, o samba celebra Xangô como entidade espiritual e reafirma a identidade do Salgueiro, sua ancestralidade africana e a luta por justiça.