Semplicemente (feat. Mida)

Entre o medo e a entrega em “Semplicemente (feat. Mida)”

“Semplicemente (feat. Mida)”, de Sarah Toscano, encena um espelho afetivo: “come me... come te” (como eu... como você) indica dois lados que se reconhecem no mesmo medo de dizer “Ti amo” (eu te amo) e na mesma vertigem. A imagem de “cair do último piano” sugere risco e autossabotagem, como quem se lança num amor que pode ferir. Para diminuir a dor, surge a tentativa de rotulá-la como “malinconica notte che muore” (noite melancólica que morre).

A narrativa vai do impulso de futuro — “a me viene voglia di futuro” (sinto vontade de futuro) — à retirada discreta — “esci in punta di piedi” (saia na ponta dos pés). Entre esses polos, há um pacto de silêncio matinal e a solidão doméstica de “si è spenta pure la TV” (até a TV desligou). O refrão explicita o impasse: “uno che non vuole dire: Ti amo” (um que não quer dizer: eu te amo), somado à clareza de que “solo l’amore non basta” (só o amor não basta). Versos como “sbaglierò il tuo nome… brucio ogni ricordo e poi mi prenderò la colpa” (vou errar seu nome... queimo cada lembrança e depois vou assumir a culpa) apontam para o esquecimento como anestesia, enquanto “forse amarsi è una sana follia” (talvez amar seja uma loucura saudável) assume o amor como impulso necessário e perigoso. “Che sarà, che sarà” (o que será, o que será) traz resignação; o ego também dificulta a entrega.

O contexto reforça o retrato de um amor jovem, frágil e contraditório: balada pop intimista escrita por Sarah Toscano e Mida com Rondine, produzida por GNRD, é a primeira colaboração oficial após “Amici”. O dueto espelha a letra, alternando vozes que se reconhecem e evitam dizer “Ti amo”. Como tema principal da série juvenil “Riv4li”, na Netflix, a canção concentra conflitos típicos da idade — orgulho, silêncio, despedidas às escondidas — e transforma em cenas diretas a ambivalência entre ficar e ir embora.