Surreal

Reflexão sobre controle e incerteza em “Surreal” da Scalene

A música “Surreal”, da Scalene, aborda a tensão entre o desejo de controlar a própria vida e a necessidade de aceitar a incerteza como parte inevitável da existência. O verso “Me acostumei com a incerteza ideal” mostra como a busca por respostas definitivas pode se tornar confortável, mesmo que contraditória. Já a repetição da pergunta “Será surreal ter o mundo em minhas mãos?” destaca o questionamento sobre até que ponto é possível – ou até desejável – dominar todos os aspectos do próprio destino. O contexto do álbum “Real/Surreal” e as imagens surrealistas do videoclipe reforçam essa dualidade entre o que é concreto e o que é sonho, sugerindo que a fronteira entre realidade e fantasia é tênue e subjetiva.

A letra também enfatiza a responsabilidade individual na busca pela felicidade e na escolha dos próprios caminhos, como em “Cabe a cada um de nós dizer / Onde, quando / Cabe a cada um de nós saber”. Essa ideia de autonomia é reforçada pela mensagem de que a felicidade deve ser conquistada e compartilhada, não apenas recebida passivamente. No trecho final, “Seja qual for o final / Faça ser algo ideal / Seja qual for o final / Faça ser algo surreal”, a banda propõe que, independentemente do desfecho, cada pessoa pode transformar sua trajetória em algo significativo, seja dentro dos limites do real ou indo além deles. A história da banda ao enviar a mesma música para a rádio com outro nome também dialoga com o tema da percepção e da realidade moldada por expectativas, reforçando o tom questionador e irônico da faixa.