Desgarrados

Desgarrados: Uma Ode à Saudade e à Simplicidade

A música "Desgarrados" de Sérgio Napp é uma reflexão poética sobre a vida de pessoas marginalizadas e suas memórias de tempos mais simples e felizes. A letra começa descrevendo a rotina de indivíduos que vivem à margem da sociedade, realizando trabalhos informais e sobrevivendo nas ruas da capital. Esses personagens são retratados como figuras invisíveis, que se escondem em botecos e cortiços, tentando esquecer suas dificuldades através de bravatas e histórias antigas. A repetição da frase "olhos abertos o longe é perto, o que vale é o sonho" sugere que, apesar das adversidades, eles ainda mantêm a esperança e os sonhos vivos.

A segunda parte da música evoca um passado nostálgico, onde os personagens viviam uma vida mais simples e comunitária. As imagens de cevando mate, polindo esporas e compartilhando momentos ao redor de uma fogueira pintam um quadro de camaradagem e felicidade. A letra menciona atividades tradicionais como o jogo do osso e a cana de espera, que são elementos culturais do sul do Brasil, reforçando a ideia de uma vida enraizada em tradições e valores comunitários. A repetição da frase "mais o que foi, nunca mais será" enfatiza a irreversibilidade do tempo e a perda desse passado idealizado.

A música é permeada por um sentimento de saudade, uma melancolia que surge da consciência de que os tempos felizes não podem ser recuperados. Os "ventos desgarrados" carregados de saudade simbolizam essa sensação de perda e deslocamento. A letra sugere que, apesar das dificuldades presentes, os sonhos e as memórias de tempos melhores ainda têm valor e significado. Sérgio Napp, com sua habilidade lírica, consegue capturar a essência da vida dos "desgarrados", oferecendo uma visão sensível e humanizada dessas figuras muitas vezes esquecidas pela sociedade.