Dorian Gray

Reflexão sobre autenticidade e imperfeição em “Dorian Gray”

Em “Dorian Gray”, SHARIF faz um autorretrato sincero, abordando a busca pela autenticidade em meio à imperfeição. O título remete ao personagem de Oscar Wilde, sugerindo uma reflexão sobre juventude, decadência e a diferença entre aparência e essência. Quando Sharif diz “llevo tatuajes que no están sobre la piel” (carrego tatuagens que não estão na pele), ele usa a metáfora para falar de cicatrizes e experiências internas, invisíveis aos outros, assim como o quadro de Dorian Gray que absorve as marcas do tempo e dos pecados enquanto o protagonista permanece jovem por fora.

A música traz confissões sobre vícios, noites sem dormir e a busca por sentido, como nos versos “humo en el pulmón y un corazón desordenado” (fumaça no pulmão e um coração bagunçado) e “estoy en la cornisa, brindando mientras fumo / pa’ engañar al miedo con la risa y al hambre con el humo” (estou no limite, brindando enquanto fumo / para enganar o medo com o riso e a fome com a fumaça). Sharif revela sua relação ambígua com o prazer e a autodestruição, usando o humor e a escrita para enfrentar inseguranças. Ao citar rappers como Nestakilla, Ceerre, Foyone e Canserbero, ele mostra admiração e desejo de evolução artística. O tom irônico aparece em versos como “tu culo no es el cielo, pero se le parece” (sua bunda não é o céu, mas se parece), reforçando a valorização da verdade, mesmo que imperfeita. “Dorian Gray” é um manifesto de vulnerabilidade, paixão e aceitação das próprias sombras.