O Tecelão
Silvestre Kuhlmann
Só morre o amor onde jamais viveu
Amor feito de sonhos e de ânsia
Apoiado na areia da inconstância
Moldado em terracota, ou gesso, ou breu
Não subsiste o amor no próprio eu
Antes, do próprio bem busca distância
Para que o amado se projete e alcance a
Ilimitada paz que se perdeu
O amor deseja
O amor sempre trabalha
Pois quer amar, o amor, e tece a malha
No incansável lavor de tecelão
O amor nunca se entrega à própria sorte
Por isso dura e vence a própria morte
Projetando no eterno o coração
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