One Time's Got No Case

Racismo institucional e resistência em “One Time's Got No Case”

Em “One Time's Got No Case”, Sir Mix-A-Lot aborda o racismo institucional e o perfilamento racial de forma direta e irônica. Logo no início, o artista expõe o preconceito policial ao mostrar um agente chamando o protagonista por nomes estereotipados como “Leroy” e “Jerome”, evidenciando a prática de associar pessoas negras a determinados perfis. Ao longo da música, Sir Mix-A-Lot transforma situações de abuso policial em uma narrativa de resistência, destacando que, mesmo diante de tentativas de incriminação sem provas, ele conhece seus direitos e está preparado para se defender. Isso fica claro quando afirma: “So I show him my gun permit / I told him I roll legit” (Então mostro minha licença de porte de arma / Disse que ando dentro da lei).

O contexto da época, marcado por debates sobre brutalidade policial, é reforçado pelo uso de samples de Stevie Wonder e Bobby Byrd, além de referências à cultura pop como “Robocop”. Esses elementos criam uma atmosfera que mistura crítica social e sarcasmo. Sir Mix-A-Lot adota uma postura de autoconfiança e inteligência diante da opressão, optando por uma resposta estratégica e pacífica. No final, seus advogados desmontam o depoimento da policial, levando à vitória no tribunal. Assim, a música vai além da simples denúncia: propõe uma reação consciente e bem articulada à injustiça, usando o humor ácido para expor o absurdo do racismo institucionalizado.