Estivador

Resistência e rotina no cotidiano de “Estivador” do Skank

A música “Estivador”, do Skank, retrata de forma direta a rotina difícil e pouco valorizada dos trabalhadores portuários. O verso “a alma morta, a carne viva” resume o desgaste emocional e físico desses profissionais, que continuam trabalhando apesar do cansaço extremo. O ambiente do porto é descrito com realismo, mostrando disputas entre os próprios trabalhadores, a presença das “putas do porto” e a repetição das tarefas diárias, compondo um cenário de sobrevivência e dureza. A expressão “empurra o fardo com a barriga” reforça a ideia de resignação, indicando que, mesmo diante das dificuldades, o estivador segue em frente sem esperar reconhecimento ou mudanças significativas.

O refrão “sou calejado, sou estivador” funciona como um símbolo de resistência e orgulho, mesmo diante da invisibilidade social, como sugerem os versos “podiam me esquecer” e “podiam reconhecer”. A letra também destaca a variedade de mercadorias que passam pelo porto — “prata, banana, marfim, garapa, madeira, aipim” —, mostrando a amplitude do trabalho e a conexão indireta do estivador com o mundo. O trecho “sei que existe o bem e o mal, foi também por isso que eu vim” revela uma consciência das contradições da vida portuária e das escolhas feitas. O tom da música é melancólico, mas objetivo, evidenciando um cotidiano duro, marcado por pequenas alegrias, lutas e uma identidade construída na resistência diária.