Nihilist

“Nihilist” de SOULFLY: tributo a Petrov e recusa a dogmas

A despeito do título, “Nihilist” funciona menos como apologia ao vazio e mais como homenagem agressiva a Lars-Göran Petrov (Entombed/Nihilist). O grito de Todd Jones — “I don’t believe in anything!” (eu não acredito em nada!) — transforma a descrença em estandarte e conecta o tributo ao legado de Petrov com a ferocidade de death/grind que moldou Max Cavalera. A letra finca posição contra manipulação e hipocrisia: “Finding truth in deceit” (encontrando verdade no engano), “Try and try to manipulate me” (tente e tente me manipular). A resposta é negativa e bélica: “My weapon of disbelief” (minha arma é a descrença) converte a recusa em arma, enquanto “Your God is dead to me” (seu Deus está morto para mim) derruba qualquer autoridade religiosa. Já “Will to force” (vontade de força) torce, de modo combativo, a noção de “vontade de potência”, trocando transcendência por força imediata — traço alinhado ao ethos de confronto que Petrov encarnava.

A canção ataca quem se esconde por trás do poder — “Hide behind the gun” (esconda-se atrás da arma) — e expõe a fragilidade de líderes e crentes: “Broken by the winds of reality / Coward” (quebrado pelos ventos da realidade / covarde). O refrão soa como manifesto niilista, potencializado pela participação de Jones, enquanto a evolução de Zyon Cavalera na produção e na bateria sustenta o impacto seco e direto. Até o vídeo filmado na Bulgária por Costin Chioreanu, centrado na performance, reforça a estética de choque: nada de mitos, só a banda em ataque frontal — coerente com a tese da faixa de que a descrença é a única arma honesta diante de dogmas e autoridades.