La solassitude

Contradições dos relacionamentos em "La solassitude" de Stromae

Em "La solassitude", Stromae aborda de forma direta e irônica o paradoxo de quem nunca está plenamente satisfeito nos relacionamentos. O verso “Le célibat me fait souffrir de solitude / La vie de couple me fait souffrir de lassitude” (“A solteirice me faz sofrer de solidão / A vida de casal me faz sofrer de tédio”) resume o dilema central: tanto a solidão do solteiro quanto a rotina do casal trazem sofrimento. O personagem Nicolas oscila entre encontros casuais e a busca por algo mais profundo, mas sempre esbarra na insatisfação, seja pelo vazio dos relacionamentos passageiros ou pelo desgaste das relações longas. Stromae se inspira em observações pessoais para construir uma letra que reflete as contradições comuns nos relacionamentos modernos.

A música alterna cenas de flertes descompromissados — “Les plans culs c'est mon quotidien” (“Sexo casual é meu cotidiano”) — com o retrato de um relacionamento de oito anos que perdeu o brilho: “On dort dans le même lit / Mais on s'éloigne petit à p'tit” (“Dormimos na mesma cama / Mas estamos nos afastando aos poucos”). O uso do erhu, instrumento chinês de som melancólico, reforça o clima de introspecção. Stromae usa ironia ao mostrar que até programas de casal, como ir a um restaurante ou viajar, se tornam “trop fatiguant” (“cansativos”), sugerindo que o problema está na insatisfação constante, não na situação em si. No final, quando Nicolas se vê sozinho, até as brigas do passado parecem melhores do que o vazio atual, fechando o ciclo de insatisfação que a música retrata com realismo e sem julgamentos.