Santé

Homenagem aos invisíveis em "Santé" de Stromae

Em "Santé", Stromae inverte a lógica tradicional das celebrações ao propor um brinde não aos que festejam, mas àqueles que trabalham nos bastidores e tornam a festa possível. O título da música traz um duplo sentido importante: "santé" significa tanto "saúde" quanto o ato de brindar em francês, reforçando a ideia de homenagear quem raramente recebe reconhecimento. Stromae cita nomes como Rosa, Albert, Céline e Arlette para dar rosto a profissões muitas vezes ignoradas, como faxineiras, garçons e atendentes. Ele destaca o contraste entre quem se diverte e quem trabalha: “Rosa, Rosa, quand on fout l'bordel, tu nettoies / Et toi, Albert, quand on trinque / Tu ramasses les verres” (Rosa, Rosa, quando fazemos bagunça, você limpa / E você, Albert, quando brindamos / Você recolhe os copos).

A letra adota um tom direto e irônico ao expor a falta de empatia de quem usufrui desses serviços: “Quoi les bonnes manières? Pourquoi je ferais semblant? Toute façon, elle est payée pour le faire” (Que boas maneiras? Por que eu fingiria? De qualquer forma, ela é paga para fazer isso). Stromae critica a desumanização desses profissionais, mostrando como são tratados com indiferença. O refrão, ao repetir “À ceux qui n'en ont pas” (Aqueles que não têm), reforça a ausência de reconhecimento para esses trabalhadores. Nos versos finais, a homenagem se amplia para incluir pilotos, enfermeiros, caminhoneiros, padeiros, pescadores, jovens pais e até quem sofre de insônia por causa do trabalho, ampliando o tributo a todos que sacrificam seu tempo para que outros possam celebrar. "Santé" se destaca como um manifesto social, pedindo mais respeito e valorização para os verdadeiros sustentáculos das festas e da vida cotidiana.