Rogério

Conflito interno e crítica social em “Rogério” do Supercombo

Em “Rogério”, a banda Supercombo utiliza um nome comum para dar rosto ao lado negativo presente em cada pessoa. Ao escolher “Rogério” como símbolo desse alter ego sombrio, a música ironiza a tendência de todos carregarem pensamentos e impulsos indesejados, muitas vezes ignorados ou reprimidos. A letra destaca o incômodo de ser visto como culpado ou símbolo do mal, especialmente nos versos “todo mundo te usar / Como garoto propaganda / Pra todo mal que existe nesse mundo”. Aqui, Rogério representa o indivíduo injustamente responsabilizado pelos problemas coletivos, criticando a busca por bodes expiatórios em vez da responsabilidade compartilhada.

A canção também aborda o isolamento e a sensação de não pertencimento, como mostram os versos “Mesmo eu sendo um camundongo em meio de serpentes / Ninguém me convidou” e “Mesmo eu sendo um espantalho dentro dessa creche / Ninguém me convidou”. Essas imagens reforçam a vulnerabilidade diante de ambientes hostis e manipuladores, conectando-se ao tema do álbum sobre pressões sociais e o desejo de reconhecimento. O refrão, com “subir e já chegar chegando / Na festa dos que já acham que vão subir pro céu / Só pra ver geral caindo de tobogã”, traz um tom sarcástico: Rogério quer expor a hipocrisia dos que se consideram moralmente superiores, mostrando que todos têm seu lado obscuro. O pedido por atenção e a frase “Nada justifica o ódio” reforçam a busca por compreensão e empatia, mesmo para quem representa o lado "errado" da natureza humana.