Negra Presuntuosa

Autoestima e resistência em “Negra Presuntuosa” de Susana Baca

“Negra Presuntuosa”, interpretada por Susana Baca, transforma a admiração pela mulher negra em um elogio carregado de orgulho e sensibilidade. O título, que poderia soar pejorativo, é ressignificado como celebração da autoestima e da presença marcante. A expressão “presuntuosa” passa a simbolizar autoconfiança e fascínio, como fica claro nos versos “Negra que te quiero / Goza / Negra presuntuosa”, que incentivam a protagonista a viver sua identidade com alegria e plenitude. O trecho “Dame / Vida de tu boca” (Me dê / Vida da sua boca) expressa desejo e entrega, mas também revela a busca por vitalidade e conexão afetiva.

A canção, composta nos anos 1970 e marcada pela interpretação de Susana Baca, une elementos da tradição afro-peruana com influências contemporâneas, ampliando seu significado. Mais do que exaltar a beleza negra, a música afirma a importância da autoestima e da liberdade em um contexto de preconceito racial. A metáfora “Bota / Que me está pisando / Los talones de la libertad” (Bota / Que está pisando / Os calcanhares da liberdade) faz referência às opressões históricas sofridas pelos negros, mas também funciona como um chamado para romper essas amarras por meio do amor-próprio e da celebração da identidade. Assim, “Negra Presuntuosa” se destaca como um hino de resistência, orgulho e esperança.