Velho Casarão

Memória e resistência no “Velho Casarão” de Teixeirinha

“Velho Casarão”, de Teixeirinha, destaca como a memória de um lugar pode se confundir com a própria história familiar e regional. O casarão citado na música não é apenas um cenário, mas um verdadeiro personagem, marcado por eventos históricos como as revoluções gaúchas. As referências aos “furos de bala” nas paredes mostram que o local carrega cicatrizes dessas lutas, simbolizando resistência e a continuidade das gerações. O contexto real reforça esse vínculo: o casarão existiu de fato no distrito de Iruí, em Rio Pardo, e a figueira mencionada na letra ainda está de pé, conectando passado e presente de forma concreta.

A letra narra a trajetória de uma família que atravessa conflitos e preserva tradições. O avô constrói o casarão, o pai “empunha a bandeira” e ensina o filho a cantar, enquanto a mãe, junto ao marido, resiste armada durante as revoltas. O ambiente do casarão, com a figueira sombreando o telhado, é palco de momentos de ternura, como quando o pai embala o filho no colo. No final, Teixeirinha expressa o desejo de retornar ao casarão no fim da vida, pedindo que seu caixão repouse sob a figueira, reforçando o sentimento de pertencimento e a importância das raízes familiares e culturais. A canção é uma homenagem ao amigo Agenor Alves dos Santos, à própria história do artista e à resistência do povo gaúcho.