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Manecão do Mundo

Telmo de Lima Freitas

Ao tranco lerdo dum lazão prateado
Meio estropiado de medir o chão
Aquele homem que já foi tropeiro
Aquele homem que já foi campeiro
Sempre calçando bota de garrão
Espora grande, lenço Colorado
E aquele olhar tranquilo e bonachão
Poleou a perna dando santas buenas
E foi enveredando pra o galpão

Quando chegava se sentia em casa
Parece até que no borralho
As brasas reacendiam com a presença humana
Daquele tropeiro, amigo e companheiro
Homem de fato, homem daqueles que já são escassos
Que nunca deixou mal um companheiro
Atado n’algum laço, sem esporear o cavalo que montava
E trepar por cima da morte se preciso fosse

No canteiro da alma ele trazia
Cheiro de mato nativo da querência
Em cada remendo daquela bombacha
De muitas tropeadas, daquela camisa
Já sem gola, quarada a suor tropeiro
Ele retratava o chão donde nasceu
Conhecia palmo a palmo, andava de noite
Como se fosse dia
O seu cavalo conhecia tanto
Quem sabe mais até que o próprio dono
Por isso os dois andavam
Naquele entono de taitas campo fora

Manecão do Mundo se chamava
Respeitado por todos, pelos domadores
Pelos esquiladores, pelos aramadores
Era um testamento em manuscrito, apesar dos pesares
E se atirassem uma gaita de botão naquelas mãos
Curtidas a serviço, acostumadas a orelhar potros
E a segurar na sedeira dos buçais, fazia a gente chorar
Lembrando tudo que o tempo não devolve nunca mais
Contava causos de arrepiar o pelo
Alguns acontecidos com ele próprio
Outros, parece que desencravava
Do baú grande do tempo
Da avestruz nanica, do boi de três patas
Da cobra grande que comia gente
E aquela do ai, morena, morena, ai
Da moça de branco que pulava na anca do picaço
E muitas outras

Por que estão escassos homens desse tipo?
Que faziam tudo com gosto e capricho
Sem nunca amanhecer de lombo duro
Nem se esquivar da lida que o dia a dia
Da estância exige
Às vezes, mal chegava do campo, o patrão já esperava
De cavalo pronto, pra outra empreitada
Era só cortar um naco gordo
Trocar de cavalo e estava pronto para o que der e vier
Manecão do Mundo se chamava
Que Deus o tenha aonde estiver

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