One Hundred Years

Desespero e repetição em "One Hundred Years" do The Cure

"One Hundred Years", do The Cure, começa de forma impactante com o verso "It doesn't matter if we all die" (Não importa se todos nós morrermos), deixando claro o tom niilista e desesperançado da música. Essa atmosfera reflete o momento difícil vivido pela banda durante a gravação do álbum "Pornography", marcado por sentimentos de autodestruição e pessimismo. O clima sombrio é reforçado por imagens de violência, alienação e morte, como em "Stroking your hair as the patriots are shot / Fighting for freedom on television" (Acariciando seu cabelo enquanto patriotas são mortos / Lutando por liberdade na televisão). Aqui, a letra conecta o sofrimento pessoal a eventos históricos e sociais, sugerindo que a dor individual faz parte de um ciclo maior de sofrimento coletivo.

A música mistura cenas do cotidiano com referências à opressão e à mortalidade. No trecho "A hundred years of blood crimson / The ribbon tightens round my throat" (Cem anos de sangue carmesim / A fita aperta ao redor do meu pescoço), a metáfora do laço apertando o pescoço pode ser entendida tanto como sufocamento emocional quanto como uma alusão direta à violência e à morte. O refrão "Over and over we die one after the other" (Repetidas vezes morremos, um após o outro) reforça a ideia de que o sofrimento humano é repetitivo e universal. O título e o verso "It feels like a hundred years" (Parece que faz cem anos) transmitem a sensação de que a dor é interminável, ampliando o significado da música para além do contexto pessoal da banda e abordando temas como a fragilidade da vida e a inevitabilidade da morte.