Dinheiro É Pra Gastar e Voltar Troco

A crítica social em “Dinheiro É Pra Gastar e Voltar Troco”

Em “Dinheiro É Pra Gastar e Voltar Troco”, Thiagão e Os Kamikazes do Gueto abordam de forma direta a desigualdade social e o desejo de ascensão material nas periferias. O refrão repetido, “Os boy tem, nóis quer ter, quer não, nóis vai ter”, evidencia a vontade de conquistar o que a elite possui, mas também denuncia a exclusão que empurra muitos jovens para o crime. O destaque para marcas de luxo, carros importados e festas não é apenas ostentação: é uma reação à falta de oportunidades, como mostra o verso “Nóis não tem faculdade, mas tem arma tem Crack / Disposição de sobra pra assalta no Aspen Park”. A letra deixa claro que, diante da ausência de acesso à educação e empregos, o crime surge como alternativa para alcançar o que é visto como sucesso social.

A música, porém, não glamouriza essa realidade. Ao citar prisões, mortes e operações policiais, como em “Nesse embalo eu vi uma pá de mano ir preso ou morrer” e “A droga apreendida, quadrilha rodou / Só laranja, da nada, a carreta passou!”, o grupo mostra o preço alto da ostentação e do envolvimento com o crime. O tom é de denúncia e reflexão, expondo o ciclo vicioso da criminalidade nas periferias: a busca por status leva a riscos constantes, e poucos realmente se beneficiam. O título “Dinheiro É Pra Gastar e Voltar Troco” reforça a ideia de que o dinheiro obtido de forma fácil é passageiro, e que, no fim, o retorno pode ser apenas mais violência ou prisão.