Fim Dos Dias

Violência e juventude marginalizada em “Fim Dos Dias”

“Fim Dos Dias”, de Thiagão e Os Kamikazes do Gueto, aborda de forma direta e impactante a banalização da violência nas periferias brasileiras, especialmente entre jovens. Logo no início, a música apresenta a realidade crua dos homicídios cometidos por adolescentes: “Adolescente de 16 anos matou / Um de 18 com um tiro na cabeça”. Esse trecho evidencia como o assassinato se tornou algo comum entre menores, refletindo a reincidência e a brutalidade dos crimes nessas regiões. A letra utiliza imagens fortes, como “Só metade do seu rosto pra sua mãe reconhecer” e “Perna pra um lado, cabeça pro outro, corpo aberto”, para mostrar o sofrimento das famílias e a indiferença da sociedade, que só se mobiliza quando a violência atinge pessoas de classes mais altas: “É só morrer o filho de um boy, aí deixa de ser estatística”.

A música também faz comparações com zonas de guerra, como “Dá pra comparar com Paquistão, Kandahar”, para ressaltar o nível extremo de insegurança vivido nas periferias. O refrão destaca a falta de perspectivas para a juventude, que muitas vezes escolhe o crime em vez da educação: “Aqueles que prefere o crime do que estudar / Pra no amanhã serem professores ou até engenheiros”. O álbum, conhecido por tratar de desigualdade social e violência urbana, reforça a crítica ao sistema, como no verso “faz o que o sistema quer os oitão em vez de diploma”. O tom final da música é de alerta e resignação, sugerindo que, sem mudanças, o “fim dos dias” se torna uma consequência inevitável, transmitindo sentimentos de revolta, tristeza e urgência diante da realidade das periferias.