Todo Finado Tem Mãe Pt. II

Dor materna e crítica social em “Todo Finado Tem Mãe Pt. II”

“Todo Finado Tem Mãe Pt. II”, de Thiagão e Os Kamikazes do Gueto, expõe de forma direta o impacto da violência urbana nas periferias, com foco especial no sofrimento das mães que perdem seus filhos para o crime. A música critica a naturalização dessas mortes, evidenciando como a sociedade trata a violência como algo corriqueiro. Isso fica claro no trecho: “Cadê as câmeras, os efeitos especial tipo Avatar / Não tem nada disso, é real o sangue que escorre”, onde o grupo desmonta qualquer tentativa de glamourizar a violência, mostrando que, diferente dos filmes, o sofrimento das mães é real e contínuo.

A canção também funciona como um pedido de perdão dos filhos às mães, especialmente no refrão: “Eu sei, que eu te fiz sofrer...”, reconhecendo o peso das escolhas individuais no luto materno. Além disso, a letra denuncia a falta de oportunidades e o ciclo de exclusão social que empurra jovens para o crime, como em “Foi pro crime, com tudo, sem pensar no pior / E o pior, ta dentro do pente da jiricó”, sendo “jiricó” uma gíria para arma de fogo. O verso “É só mãe, ganhando o oscar do sofrimento” ironiza a forma como a sociedade assiste passivamente ao sofrimento dessas mulheres, tratando a tragédia como espetáculo. Ao reafirmar que “todo finado tem mãe”, a música lembra que cada morte representa uma dor familiar e social, destacando a urgência de olhar para além das estatísticas e enxergar as histórias humanas por trás da violência.