Mão do Tempo

Saudade e resignação em "Mão do Tempo" de Tião Carreiro

A música "Mão do Tempo", de Tião Carreiro, explora o conflito entre a tentativa de esquecer um amor impossível e a persistência da saudade, usando elementos do cotidiano rural para dar profundidade à narrativa. O verso “Por amar quem está distante / E viver com quem não ama” expressa claramente a dor de quem está preso a uma relação sem reciprocidade, enquanto o verdadeiro amor permanece fora de alcance. Esse sentimento é intensificado pelo contexto do pagode de viola, gênero conhecido por abordar temas de saudade e separação, e pela influência de José Fortuna, famoso pelo sentimentalismo em suas composições.

A letra traz imagens marcantes, como “a sombra da lembrança / É igual a sombra da gente”, mostrando que as memórias de um amor perdido acompanham a pessoa constantemente, tornando difícil esquecer completamente. O trecho em que o eu lírico pede para que a lembrança “não me faça / Querer um amor impossível” revela a luta interna para superar o passado. Já a expressão “mão do tempo” sugere que só o passar dos anos pode amenizar a dor desse sentimento. O tom melancólico e reflexivo, característico das músicas de Tião Carreiro & Pardinho, transmite resignação diante do destino, ao mesmo tempo em que valoriza a experiência de amar e sofrer.