Amor e Saudade

Memória e separação em "Amor e Saudade" de Tião Carreiro

Em "Amor e Saudade", Tião Carreiro utiliza imagens simples do cotidiano, como a "blusa amarelada" pendurada no varal, para simbolizar a presença constante das lembranças e da saudade. Esse detalhe aparentemente comum ganha força ao mostrar como objetos e cenários mantêm viva a memória de um amor que já terminou. O narrador descreve o hábito de passar pela casa da antiga amada durante a madrugada, quando "as luzes da sua rua estavam quase apagadas", criando um clima de solidão e nostalgia que é característico da música sertaneja e recorrente nas composições de Tião Carreiro.

A letra constrói uma narrativa marcada pela despedida e pela memória. O narrador revisita não só os lugares onde viveu o romance, mas também os sentimentos e rituais do passado, como as caminhadas noturnas e os encontros discretos. O contraste entre o passado amoroso e o presente de separação aparece em versos como "O tempo do nosso amor que se acabou tudo em nada" e "Você se casou com outro, eu segui minha jornada", mostrando uma aceitação melancólica do fim da relação. A menção à "cabocla faceira, rosa branca perfumada" reforça o tom carinhoso e poético, ao mesmo tempo em que destaca a distância definitiva entre os dois, um tema comum nas histórias rurais de amores impossíveis e saudades que nunca se apagam.