Minha Vida

Memórias e superação rural em “Minha Vida” de Tião Carreiro

“Minha Vida”, de Tião Carreiro, retrata de forma clara e nostálgica a trajetória de quem deixa o campo em busca de uma vida melhor na cidade, enfrentando desafios e saudades das origens. Nos versos “Morava na roça gostava da troça / Do munjôlo d'água e da casa de tábua”, a música evoca lembranças afetivas da infância rural, valorizando as pequenas alegrias e o trabalho simples do interior. A ida à escola montado numa égua tordilha reforça o tom de carinho e a forte ligação com a vida no campo.

Ao chegar à cidade, o personagem se depara com a dureza da nova realidade: “Fui caxeiro num bar / Trinta mil réis por mês pra servi os fregueis / Vendendo cachaça aturando ruaça”. Esse trecho reflete não só a experiência de muitos migrantes, mas também a própria história de Tião Carreiro, que trabalhou como garçom antes de se destacar na música. A exaustão e o desencanto aparecem em versos como “Trabalhei sete mês recebi só uma vez” e “Sou um pouco retaco meu fisico é fraco / Só fala no trabalho quase que me desmaio”, mostrando as dificuldades enfrentadas na cidade.

A reviravolta acontece quando a música surge como fonte de alegria e redenção: “A viola é tão fácil é só mexer nos traço / Fazê modas boas quando o povo enjoa”. A viola, símbolo da cultura sertaneja, representa não só o sustento, mas também o orgulho das raízes. O verso final, dedicado a Tião Carreiro, destaca o respeito e a admiração por quem abriu caminhos para outros violeiros, mostrando que a música pode transformar vidas e manter vivas as tradições do interior.