Grapefruit

Ciclos de autocrítica e vulnerabilidade em “Grapefruit”

Em “Grapefruit”, Tove Lo aborda de forma direta e sensível a experiência dos distúrbios alimentares. A repetição da contagem de calorias e da palavra "grapefruit" evidencia o ciclo angustiante de controle e insatisfação com o próprio corpo. O uso da fruta, frequentemente associada a dietas restritivas, simboliza tanto a tentativa de impor limites quanto a frustração constante diante de padrões inalcançáveis. No verso “Counting all the calories / Now get 'em up / Body positivity / Help me out” (“Contando todas as calorias / Agora coloque para fora / Positividade corporal / Me ajude”), Tove Lo expõe a contradição entre o discurso de aceitação do corpo e a dificuldade real de se libertar da autocrítica e da obsessão com medidas e calorias.

A música também destaca o contraste entre a melodia animada e as letras densas, mostrando como o sofrimento interno pode ser disfarçado por uma aparência alegre. Trechos como “The swans of ballet / Their skin and their bones, that's not me” (“Os cisnes do balé / Sua pele e seus ossos, essa não sou eu”) apontam para padrões de beleza inatingíveis, enquanto “What I see is not me” (“O que eu vejo não sou eu”) e “I know my mirrors are lying” (“Eu sei que meus espelhos estão mentindo”) revelam a dismorfia corporal e a desconexão entre autoimagem e realidade. Ao compartilhar sua vivência, Tove Lo convida à reflexão sobre os impactos profundos dos distúrbios alimentares e a busca dolorosa por aceitação.