Misery in Waking Hours

Alienação e crise de identidade em “Misery in Waking Hours”

“Misery in Waking Hours”, do $uicideBoy$, começa com um trecho sobre um serial killer, criando um clima sombrio que serve de metáfora para a sensação de alienação e desvio das normas sociais presente em toda a música. O diálogo inicial, ao mostrar pensamentos acelerados e uma mente perturbada, prepara o terreno para os temas centrais da faixa: paranoia, violência e a luta constante contra traumas e vícios.

No primeiro verso, Scrim expõe uma realidade marcada por desconfiança, dinheiro e sobrevivência, com frases como “Money what I'm 'bout” (Dinheiro é o que me interessa) e “I can't trust no man, so me drivin' is essential” (Não confio em ninguém, então eu mesmo preciso dirigir). O abuso de substâncias aparece como fuga e reflexo de um ambiente hostil, enquanto referências à infância difícil e à ausência paterna, como em “Kids eatin' dinner with no father at the table” (Crianças jantando sem o pai à mesa), reforçam o ciclo de dor e instabilidade. Ruby da Cherry, no segundo verso, aprofunda o sentimento de isolamento e desconexão, especialmente ao abordar a fama como algo sufocante e falso: “Eyeballs all on me man, I hate this fucking fame shit” (Todos os olhos em mim, odeio essa merda de fama) e “All of the credit I get is a lie, the whole time, it was one of my clones” (Todo o crédito que recebo é uma mentira, o tempo todo era um dos meus clones). O uso de clones e doppelgangers sugere uma crise de identidade e a sensação de não ser reconhecido por quem realmente é.

O refrão repetido, “got me fucked up” (isso me deixou acabado), resume o estado de exaustão mental e emocional dos artistas. A música vai além do relato pessoal, denunciando a superficialidade das relações, o peso da fama e a dificuldade de manter a autenticidade em um mundo que distorce e consome a identidade das pessoas.