Monogamia

Crítica social e resistência em "Monogamia" de Valete

Em "Monogamia", Valete utiliza o conceito do título como uma metáfora poderosa para criticar sistemas de opressão e manipulação social, especialmente ligados à religião, política e mídia. Ao dizer que a monogamia "fundou todas as religiões" e "escreveu os nossos manuais de história", o rapper denuncia como ideias aparentemente neutras são usadas por estruturas de poder para legitimar desigualdades, distorcer fatos históricos e perpetuar a dominação, principalmente sobre povos africanos e americanos. Aqui, "monogamia" vai além do relacionamento amoroso e simboliza a imposição de um pensamento único, que separa, controla e aliena, como fica claro quando Valete associa o termo à "desagregação" e "manipulação".

No segundo verso, a figura de "ela" representa a verdade, justiça e resistência, sobrevivendo apesar das tentativas de silenciamento e repressão. Valete conecta essa figura à luta de líderes históricos como Malcolm X, Marighella, Mandela e Castro, todos perseguidos por desafiar o sistema. Ao mencionar que "ela" está presente nos protestos, nos subúrbios e na literatura de Saramago, o artista reforça que a resistência e a busca pela verdade persistem mesmo diante da opressão midiática e política. O refrão "não podes contar comigo" deixa clara a recusa do rapper em compactuar com sistemas que promovem alienação e injustiça, reafirmando seu compromisso com a verdade e a luta social. Assim, a música se apresenta como um manifesto direto contra a manipulação histórica e social, celebrando a resistência coletiva e individual.