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A Lenda

Valete

E se Bonaparte alcançasse a luz?
E se Pilatos perdoasse Jesus?
Perdido entre duas Terras
A paz é só um intervalo entre duas guerras
Eu sou brabo, eu sou César, a cruz pesa-me
Damaia lesa nabos aqui onde o Diabo reza
Entrego o charme pra ela amar-me como um cego
Também quero curar-me, eu sou só carne e ego
Quero o meu pai de volta a esta dimensão
Quanto tempo dura uma ressurreição?
Não é desplante, é instinto
Num instante estás extinto, sou distante e distinto
Recebo mais frieza que haréns, mais dureza
Recebo mais pêsames que parabéns
Não há reflexo da tua ciência, não há nexo nem consciência
Não há sexo sem consequências
Teu ódio só me anima, mano, é a dopamina
Meu quadro psicológico é uma obra prima
Eu escrevo os meus degredos
Só a minha espingarda conhece os meus segredos
Rugido em estado bruto
Sentidos corrompidos e cupido tá de luto
E o meu cérebro, derrama até ao tutano
Derrama e faz-me danos, encefalogramas planos
Eu não me senti ilibado
Quando o meu pai morreu, a dor deixou-me desequilibrado
Diziam que enlouqueci pela forma como agia
Se eu não enlouquecesse, mano, eu não aguentaria

Já cortei a cabeça do vosso rei
Aqui na montanha eu faço a minha lei
MC, último Sensei
Aqui na montanha eu faço a minha lei
Cortei a cabeça do teu rei
Aqui na montanha eu faço a minha lei
MC, último Sensei, aqui na Montanha

Rappers são mendigos, não tenho sucessores
Não tenho amigos nem inimigos, só tenho professores
Eu sou a corrente onde tu garimpas
Nenhum homem persistente tem as mãos limpas (Nenhum)
Vamos pra'á cova sem noção
É só provas sem contra-provas, ciência é a nova religião
Almas fervem incompletas, almas fervem inquietas
Porque é que escrevem os poetas? (Por quê?)
Meio ratazana meio morto, ‘tá na lama o conforto
Dalai Lama do esgoto
Se me vires a desistir, foi sabotagem
Se me vês a sorrir, é camuflagem
Amassado por pesadelos
Quem critica o meu passado, que se atreva a vivê-lo (Woo)
Tu és um disco riscado, arrisco pa’ faiscar, o risco é não arriscar
Há muito (Há muito)
Há muito amor que acaba em guarida
Há muito amor que acaba em vida
Há muito amor que acaba em Sida
Ser não é desejo de ser
Medo de morrer não é desejo de viver
Bué sodomia por dinheirinho
Não sou TMZ, sou D&D
Já não sobra nada de ti em mim
Porque não sobra nada de ti em ti
Comecei como o puto crâneo
Matei o sucedâneo, meu céu é subterrâneo
Mais ruínas que platinas, mais Ninas que Augusto Octávios
Mais epitáfios que rimas

Já cortei a cabeça do vosso rei
Aqui na montanha eu faço a minha lei
MC, último Sensei
Aqui na montanha eu faço a minha lei
Cortei a cabeça do teu rei
Aqui na montanha eu faço a minha lei
MC, último Sensei, aqui na Montanha

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