
A Vida É De Graça
Vera Loca
“A Vida É De Graça”: retratos da desigualdade urbana
A recusa inicial — “Eu não quero falar de amor / de política” — já provoca: ao negar temas, o eu lírico desenha um retrato político e afetivo do cotidiano. O refrão “A vida é de graça, tem gente que paga pra viver” vira trocadilho ácido que desmonta o clichê e aponta desigualdade e precarização. A letra encadeia cenas que normalizam o absurdo: “tem um carro sendo roubado / e uma bela paisagem do outro lado” justapõe violência e beleza; “relógio parado na praça, chafariz quebrado há quinze anos” expõe abandono público; “um teatro de rua / e o palhaço é você” devolve a ironia a quem assiste e aceita. O humor cínico e o cansaço urbano sustentam a crítica social da Vera Loca.
O mosaico segue nas contradições: “soldado jogando no bicho” (instituições que rompem a própria regra), “um comunista em cima do muro” (apatia ideológica), “uma loja liqüida tudo” e “festa chique roupa alugada” (consumo e aparência). Já “aposentados na fila do banco” e “eu de hora marcada no pai-de-santo” situam a rotina entre burocracia, fé e gambiarra emocional. “Espera uma carta / com dinheiro e saúde” revela a aposta em saídas mágicas — do Estado ou da sorte — até o desabafo final: “Vai se fudê”. Não por acaso, a faixa é uma das mais emblemáticas de Distúrbios do Amor e Rock and Roll (2005), consolidando a mistura de rock, pop e blues da banda gaúcha; ao vivo no Estúdio Showlivre (2014), o refrão vira catarse coletiva para um público que se reconhece nesse inventário do dia a dia.
O significado desta letra foi gerado automaticamente.



Comentários
Envie dúvidas, explicações e curiosidades sobre a letra
Faça parte dessa comunidade
Tire dúvidas sobre idiomas, interaja com outros fãs de Vera Loca e vá além da letra da música.
Conheça o Letras AcademyConfira nosso guia de uso para deixar comentários.
Enviar para a central de dúvidas?
Dúvidas enviadas podem receber respostas de professores e alunos da plataforma.
Fixe este conteúdo com a aula: