Fado da Rua Tranquila
Vicente da Câmara
Minha rua sossegada
Onde não se passa nada
E se conhece quem passa
És como certas mulheres
Tão linda sem o saberes
Com graça sem querer ter graça
Não tens luxo e és ditosa
Não te compões e és formosa
Não és rica e vives bem
Minha rua pequenina
Onde brincaste em menina
E já brincou minha mãe
Trabalhas mas também amas
Quando o amor acende chamas
No olhar das tuas donzelas
És maneirinha e garrida
Governas a tua vida
E tens cravos nas janelas
Eu não tenho outra delícia
Que ir vivendo na carícia
De te dar minha amizade
Deixar-te era padecer
Era aprender a dizer
Esta palavra saudade
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