CANGURO

Crítica social e resistência em "CANGURO" de WOS

Em "CANGURO", WOS faz uma crítica direta à meritocracia e à desigualdade social, destacando a hipocrisia de exigir esforço individual em um sistema que já nasce desigual. Ele deixa isso claro ao dizer: “No hable' de meritocracia, me da gracia, no me jodas / Que, sin oportunidades, esa mierda no funciona” (Não fale de meritocracia, isso me faz rir, não me enche / Porque, sem oportunidades, essa merda não funciona). O rapper denuncia as condições precárias da classe trabalhadora e ironiza o discurso que culpa o indivíduo por não conseguir "vencer". O contexto do lançamento, próximo às eleições primárias argentinas, reforça o tom de protesto e transforma a música em um hino para a juventude insatisfeita com a política e a repressão policial, como mostra o verso: “Fuera la yuta que meten al barrio, le tira a los pibe' y le' mata' los sueños” (Fora a polícia que entra no bairro, atira nos jovens e mata seus sonhos).

A letra mistura indignação e sarcasmo, usando imagens urbanas para retratar opressão e resistência. A referência à música "Queso ruso" dos Redonditos de Ricota – “Fijate siempre de qué lado de la mecha te encontrás” (Veja sempre de que lado do pavio você está) – alerta sobre a importância de escolher um lado na luta social. O refrão “Cállenlo, sédenlo / Que haga lo que quiera, pero sáquenlo” (Calem-no, sedem-no / Que faça o que quiser, mas tirem-no daqui) simula a voz autoritária que tenta silenciar quem protesta. WOS se coloca como alvo dessa repressão, mas também como alguém que não vai se calar. O videoclipe reforça essa dualidade ao mostrar WOS como político corrupto e jovens em protesto, tornando a música um manifesto de resistência e contestação.