C.R.E.A.M. (Cash Rules Everything Around Me) (feat. Method Man, Raekwon, Inspectah Deck & Buddha Monk)

A influência do dinheiro em "C.R.E.A.M." do Wu-Tang Clan

O refrão repetitivo de "C.R.E.A.M. (Cash Rules Everything Around Me, get the money, dollar, dollar bill y'all)" destaca como o dinheiro é central na vida dos personagens retratados pelo Wu-Tang Clan. O termo "cream" para dinheiro, criado a partir de uma analogia com um episódio de "Tom e Jerry" e popularizado por um primo de Raekwon, mostra como a linguagem das ruas se reinventa para expressar realidades difíceis de forma criativa.

A letra aborda de forma direta as dificuldades enfrentadas por jovens negros em bairros marginalizados de Nova York. Raekwon e Inspectah Deck relatam experiências marcadas por pobreza, violência e escolhas forçadas, como em “I grew up on the crime side, the New York Times side / Staying alive was no jive” (Cresci do lado do crime, do lado do New York Times / Sobreviver não era brincadeira) e “A young buck sellin drugs and such who never had much / Trying to get a clutch at what I could not” (Um garoto vendendo drogas e coisas assim, que nunca teve muito / Tentando agarrar o que eu não podia). O dinheiro aparece como motor das ações, seja para sobreviver, seja como símbolo de status. A produção melancólica de RZA, com o sample de The Charmels, reforça o tom de desabafo e resignação, enquanto Method Man resume a mensagem central no refrão: o dinheiro dita as regras e molda o destino de quem vive à margem.

A música também serve de alerta para as novas gerações, como em “Leave it up to me while I be living proof / To kick the truth to the young black youth” (Deixe comigo enquanto sou prova viva / Para mostrar a verdade à juventude negra). No entanto, reconhece que o ciclo de dificuldades persiste, já que “shorty's running wild smokin sess drinkin beer / And ain't trying to hear what I'm kickin in his ear” (O garoto está à solta, fumando maconha, bebendo cerveja / E não quer ouvir o que estou dizendo). "C.R.E.A.M." se tornou um hino por retratar com honestidade a realidade de quem cresce em ambientes onde o dinheiro é tanto uma necessidade quanto uma armadilha.