Lá Vai Marola

Ritmo e ancestralidade em “Lá Vai Marola” de Zeca Pagodinho

“Lá Vai Marola”, de Zeca Pagodinho, mostra como o samba e a percussão vão além do entretenimento, sendo manifestações de resistência, ancestralidade e identidade afro-brasileira. O personagem Pedro Batuque, citado na letra, representa mais do que um simples músico: ele simboliza a herança africana no Brasil. Ao “firmar no coro, na casca na mesa”, Pedro transforma qualquer lugar em um espaço de celebração coletiva, reforçando a ligação entre o batuque e tradições africanas como as de Angola, Guiné, quilombolas e candomblé.

A expressão “lá vai marola” funciona como uma metáfora para o ritmo contagiante de Pedro, que se espalha como uma onda, envolvendo todos na dança e na celebração, independentemente do local ou do estilo musical. Quando a música diz “Pedro é o mestre a nos ensinar / Que a gente tem que respeitar / Fazer por onde merecer axé”, destaca a importância de valorizar e respeitar essas raízes, mostrando que o axé (energia sagrada) é conquistado por merecimento e respeito à tradição. O tom descontraído e festivo da canção reforça o orgulho de uma cultura que, mesmo diante das adversidades históricas, permanece viva e forte. Pedro Batuque é apresentado como “produto do nosso quintal” e “retrato da nossa nação”, tornando “Lá Vai Marola” um convite para reconhecer e celebrar a força das raízes afro-brasileiras presentes no samba e na percussão.