Cypherbox 7 Pragmático

Crítica social e resistência em "Cypherbox 7 Pragmático"

"Cypherbox 7 Pragmático", do ADL (Além da Loucura), traz uma crítica direta à manipulação da mídia e à indiferença social diante da violência nas periferias. Logo nos versos de DK, a música denuncia o silêncio da imprensa sobre a morte de um jovem no Habib's, enquanto a atenção do público se volta para fofocas de celebridades como Neymar e Marquezine. Essa referência a um caso real pouco noticiado reforça o papel do rap como voz das periferias e instrumento de denúncia, evidenciando a invisibilidade das vítimas da violência policial e do racismo no Brasil. O trecho “Tamo indo pros estádio pra matar por causa de time / Meus amigo tão morrendo e eu gritando 'Favela Vive'” destaca a inversão de prioridades sociais e a alienação diante das tragédias cotidianas das comunidades marginalizadas.

A música também questiona a hipocrisia e a seletividade da justiça, como no verso “Pra quem diz que bandido bom merece a morte / Tu vê Cabral e Michel Temer amarrado aqui no poste”, apontando o tratamento desigual entre criminosos de colarinho branco e moradores das periferias. Coruja BC1 faz uma ligação histórica entre a resistência negra dos quilombos e a luta atual das favelas, enquanto a metáfora “A marca da besta na mão, lance o controle remoto / Enxergue além da tela e renasça igual flor de lótus” sugere a necessidade de romper com a alienação midiática e buscar consciência crítica. Dexter, representando a velha escola do rap, reforça valores de respeito e resiliência, alertando para as consequências da falta de solidariedade: “Pra ser respeitado, tem que saber respeitar / Porém quem é muito pá e gosta de humilhar os outros / Mais cedo ou mais tarde recebe o troco”. Ao reunir diferentes gerações do rap nacional, a música constrói um retrato contundente das contradições sociais brasileiras e reafirma o compromisso do hip hop com a transformação social.