Favela Vive 4 (part. MC Cabelinho, Edi Rock, Kmila CDD, Orochi e Cesar MC)

Denúncia social e resistência em “Favela Vive 4”

“Favela Vive 4”, do ADL (Além da Loucura), é uma música que expõe de forma clara a relação entre violência policial, racismo estrutural e desigualdade social nas favelas brasileiras. Um dos versos mais impactantes, “Pra nós deram 600 reais de auxílio / Bala na cabeça ou joelho no pescoço”, conecta o auxílio emergencial da pandemia à brutalidade policial, mostrando como a sobrevivência na favela é ameaçada tanto pela negligência do Estado quanto pela repressão. A menção ao “joelho no pescoço” faz referência direta ao assassinato de George Floyd nos Estados Unidos, ampliando o debate sobre racismo e violência policial para além do Brasil.

Cada artista participante traz sua própria vivência, reforçando a diversidade de experiências dentro da favela. MC Cabelinho questiona a atuação da UPP e fala sobre o impacto da violência na infância. Kmila CDD destaca a importância da educação materna e da luta das mulheres, mostrando que a resistência também se constrói no afeto. Orochi e DK 47 criticam a hipocrisia da sociedade e da mídia, citando casos reais como Ágatha e João Pedro para dar rosto às vítimas da violência policial. Cesar MC e Edi Rock ampliam a crítica ao racismo institucional e à exploração econômica, apontando como a cultura negra é apropriada enquanto vidas negras são descartadas. O refrão “Favela vive, favela morre, ninguém se envolve” resume o sentimento de abandono, enquanto “Fé em Deus, não nos homens” expressa a desconfiança nas instituições e a busca de força na espiritualidade.

Gravada na Rocinha e reunindo diferentes gerações do rap, a música reforça a legitimidade da mensagem e celebra a resistência cultural da favela. “Favela Vive 4” se destaca como um manifesto urgente contra a injustiça e em defesa da dignidade das periferias brasileiras.