Primeiro de Abril

Crítica social e resistência em "Primeiro de Abril" do ADL

A música "Primeiro de Abril", do ADL (Além da Loucura), usa o simbolismo do Dia da Mentira para expor como as falsidades fazem parte do cotidiano brasileiro, impostas tanto pela mídia quanto por estruturas de poder. A canção destaca que essas mentiras não se limitam a um único dia, mas se repetem ao longo do ano, conectando grandes farsas históricas e institucionais, como manipulação midiática e racismo estrutural, a situações comuns do dia a dia. Exemplos como "comercial de shampoo só dando glamour para modelo de cabelo liso" e "apresentadora loira da emissora" criticam padrões de beleza e exclusão racial, mostrando que a mentira está presente não só nas notícias, mas também nos ideais impostos à sociedade.

A letra faz referência a episódios marcantes do Brasil, como o desastre de Mariana e o 7x1 para a Alemanha, para ilustrar como a mídia manipula a memória coletiva, escolhendo o que deve ser lembrado ou esquecido. O verso "Dia primeiro de Abril tinha que ser o dia da eleição" ironiza a desconfiança nas instituições políticas, enquanto "Mentiram, dia de preto não é segunda / Mentiram, hip-hop não é só balançar a bunda" desconstrói estereótipos raciais e culturais. O refrão "Desligue a televisão, pare e ouça a minha visão" propõe romper com a alienação e buscar uma verdade própria, incentivando o ouvinte a questionar e resistir às narrativas impostas. Ao relacionar o contexto histórico do Dia da Mentira com as mentiras sociais e institucionais, a música propõe uma reflexão profunda sobre como essas falsidades sustentam desigualdades e preconceitos, convidando à resistência e à busca por consciência crítica.