Perdi a Memória

A Busca pela Identidade em 'Perdi a Memória' de António Variações

A música 'Perdi a Memória' de António Variações é uma profunda reflexão sobre a perda de identidade e a busca por um novo sentido de ser. A letra começa com a confissão de que o eu-lírico perdeu a memória e, com ela, a capacidade de contar sua própria história. Isso simboliza uma desconexão com o passado e uma sensação de desorientação no presente, como se o tempo e a própria existência tivessem perdido o significado. A metáfora do espelho quebrado reforça essa ideia, indicando que o eu-lírico não consegue mais se reconhecer, não sabe se é jovem ou velho, nem onde está.

A segunda estrofe aprofunda essa sensação de alienação, com a imagem de um quadro onde o eu-lírico vê apenas olhos apontados para sua mão, sugerindo uma pressão externa e uma falta de controle sobre sua própria vida. A ausência de marcas de solidão ou de emoções intensas indica um estado de apatia, como se o eu-lírico estivesse desconectado de suas próprias experiências e sentimentos. A decisão de riscar da mente a história que não interessa e limpar a cabeça de tudo o que ela não quer revela um desejo de recomeçar, de se libertar das amarras do passado e das expectativas alheias.

A repetição da frase 'Só serve prò que eu quiser' no final da música é um grito de autonomia e autoafirmação. O eu-lírico decide que seu corpo e sua mente só servirão aos seus próprios desejos e necessidades, rejeitando qualquer imposição externa. Essa busca por autenticidade e liberdade é um tema recorrente na obra de António Variações, um artista conhecido por sua originalidade e por desafiar as normas sociais e culturais de sua época. 'Perdi a Memória' é, portanto, uma poderosa declaração de independência e um convite à reflexão sobre quem somos e quem queremos ser.