Côco do B

Jogo de palavras e tradição em “Côco do B” de Bezerra da Silva

Em “Côco do B”, Bezerra da Silva demonstra criatividade ao compor toda a letra com palavras que começam com a letra B. Essa escolha não é apenas um truque estilístico, mas uma forma de mostrar sua habilidade e autenticidade dentro do gênero coco. O contexto do álbum de estreia solo e a produção de Jackson do Pandeiro reforçam a importância desse momento na carreira de Bezerra. O verso repetido “O coco que eu vou dizer no repente é só de B, cuidado meu companheiro” serve como um aviso bem-humorado, destacando o desafio de improvisar com essa limitação e convidando o ouvinte a se envolver no jogo de palavras.

A música utiliza a repetição de versos e a enumeração de termos como “fubata de bacia, barranceio e bateria” e “batucada e baralho, babalu e barracão” para criar um ritmo contagiante, típico do coco. Essa estrutura remete à tradição oral do gênero, onde improvisação e repetição são essenciais. Ao se autodenominar “rei do coco”, Bezerra afirma seu domínio técnico e respeito às raízes nordestinas, antes de se consagrar no samba. O tom leve e bem-humorado, aliado ao virtuosismo linguístico, transforma “Côco do B” em uma homenagem à cultura popular e à trajetória do artista.