Conheça a história da música My Generation, protesto do The Who

Uma senhora música de 1965, My Generation, é a representação do The Who e um dos maiores clássicos do rock britânico.

Gravada no dia 13 de outubro de 1965 no Pye Studios, em Londres, se tornou símbolo de uma geração insatisfeita e que ansiava por uma identidade. 

Presente no álbum homônimo, o primeiro da discografia do The Who, My Generation ficou marcada também pela gaguejada que o vocalista Roger Daltrey simula em um dos trechos.

O fato causou estranheza na época e a BBC optou por não reproduzir a canção por receio de ofender quem de fato sofresse de gagueira.

A seguir, a gente mergulha mais na história dessa música quase sexagenaria! 

A história da música My Generation, do The Who

As músicas marcantes e revolucionárias são geralmente inspiradas pelo momento histórico em que foram criadas. A partir dos anos 60, a Inglaterra, até então conservadora, ainda se recuperava das sequelas da 2ª Guerra Mundial.

Ninguém imaginaria a mudança que estava prestes a acontecer em meados dos anos 60, com a Swinging London, termo que ficou conhecido por expressar a efervescência cultural que mexeu com a mentalidade e os costumes londrinos. 

Bandas como, Beatles, Rolling Stones, Kinks, The Animals, Yardbirds iniciavam suas jornadas, mudando assim a história da música para sempre. Entre eles, claro, temos o The Who! 

Essas bandas fizeram parte do British Invasion, período em que a música britânica ficou em evidência como um movimento de vanguarda, que influenciou os jovens e tudo o que viria depois. 

Música inspirada pelos mods

Alguns jovens dessa geração foram representados por uma tribo urbana, os mods, que costumavam frequentar os pubs vestidos em seus terninhos. Eram de classe média, vindos de famílias ligadas ao comércio de tecidos londrinos.

É dentro deste contexto que o The Who cria a canção My Generation, composta pelo guitarrista Pete Townshend, que traduziu o sentimento de revolta e busca por uma nova identidade. 

Análise da música My Generation

Pete Townshend era um desses jovens que buscavam sentido na vida e a música reflete a sua própria visão sobre o período.

Em 1987, durante uma entrevista à Rolling Stone, ele disse que a letra de My Generation representava um momento em que ele se sentia perdido e em busca de encontrar o seu lugar na sociedade. 

A canção é o retrato de uma juventude cansada e sem muita perspectiva de mudança. Por isso, ficou conhecida como um manifesto, uma de protesto inspirada nos mods, ou seja, nos jovens rebeldes e incompreendidos. 

Até o título é bastante transparente a respeito do que o compositor quis falar na canção.

Ele abre a primeira estrofe sugerindo que as pessoas tentam colocá-los para baixo apenas pelo fato de se darem bem:

People try to put us down (As pessoas tentam nos colocar pra baixo)
(Talkin’ ‘bout my generation) (Falando da minha geração)
Just because we get around (Só porque nos damos bem)
Things they do look awful cold (As coisas que eles fazem parecem terrivelmente frias)
Hope I die before I get old (Espero morrer antes de ficar velho)

Ao que tudo indica, há um acontecimento específico que contribuiu para que Pete Townshend jorrasse todo esse sentimento de revolta.

Ele teve seu carro rebocado por atrapalhar a rua e acusou a nobreza britânica pelo fato, mais precisamente a Elizabeth Bowes-Lyon, conhecida como Rainha-Mãe, falecida em 2002. 

Talvez isso explique o trecho que mais causou impacto em My Generation, quando ele finaliza dizendo: espero morrer antes de ficar velho. 

E para quem ficou curioso sobre a gagueira que Roger Daltrey simula em My Generation, a sugestão teria partido do empresário Kit Lambert.

O objetivo era encenar os supostos efeitos do speed, as anfetaminas, muito utilizadas na década.  

Why don’t you all fade away (Por que vocês todos não desaparecem)
And don’t try to dig what we all say (E parem de tentar entender o que nós dizemos)
I’m not trying to cause a big sensation (Não estou tentando causar nenhuma confusão)
Just talkin’ ‘bout my generation (Só estou falando sobre a minha geração)

Em resumo, My Generation é um manifesto do The Who para que a sociedade deixe os jovens em paz.

É a idealização que muitos compartilham nos dias de hoje, de que cada um possa viver a sua vida em paz sem rotular o próximo e criticar o estilo de vida do outro. 

O motivo de cansaço de qualquer geração é sofrer interferências da sociedade sobre como devem ou não seguir com suas vidas. 

O álbum My Generation

Lançado em dezembro de 1965, My Generation é o primeiro álbum do The Who. No início, o disco não teve muita notoriedade, mas foi crescendo ao longo dos anos e hoje se tornou um clássico. 

Os próprios integrantes não poderiam imaginar o peso que o álbum teria nas futuras gerações, influenciando muitas bandas anos depois.

Tendo em vista ser um disco de estréia, com o rock britânico ainda se situando no cenário, as referências não eram muito extensas para o The Who.

Isso permitiu ao disco ter bastante personalidade, embora não restem dúvidas de que a banda teve como principais influências uma turma que também iniciou na década de 60, como Rolling Stones, Beatles, The Animals, The Hollies, Kinks, entre outros.     

O álbum traz músicas com sonoridade agressivas, viscerais, fugindo bastante do que estava sendo produzido naquele período.

O disco conta com outros clássicos que marcaram a trajetória da banda, como a faixa de abertura Out In the Street, The Kids Are Alright, The Ox, I Don’t Mind, entre outros. 

Um álbum, sem dúvida, revolucionário e perfeito para você ouvir e voltar no tempo! 

Clássicos do rock dos anos 60

Os anos 60 foram transformadores e muito representativos para o rock, principalmente na Inglaterra. Tanto que o período ficou conhecido como invasão britânica.

Agora que você conhece a história de um dos clássicos da época, a música My Generation, do The Who, que tal conferir 15 clássicos do rock anos 60?

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