Análise do samba-enredo da Salgueiro em 2025: de corpo fechado

Que tal conferir uma análise completa do samba-enredo da Salgueiro em 2025? A agremiação tijucana promete encantar a Sapucaí com um enredo carregado de ancestralidade e significado.

Com o título Salgueiro de Corpo Fechado, a escola vai mergulhar nas tradições afro-brasileiras para abordar a conexão humana com a proteção espiritual. 

Sob a direção criativa do carnavalesco Jorge Silveira e do enredista Igor Ricardo, a Vermelho e Branco convida o público a uma celebração poderosa de fé, resistência e identidade cultural. Vem descobrir tudo sobre o samba-enredo que dá vida a essa narrativa!

Salgueiro de Corpo Fechado: análise do samba-enredo para o Carnaval 2025

O enredo Salgueiro de Corpo Fechado vai levar os foliões em uma viagem pelas raízes das tradições afro-brasileiras, embalando a Marquês de Sapucaí com uma poderosa reflexão sobre as práticas de proteção espiritual que atravessam gerações. 

O samba foi inspirado pela riqueza das culturas de matriz africana, por meio da simbologia do “corpo fechado”, uma expressão enraizada em ritos e crenças que prometem resguardar o indivíduo contra os males do corpo e do espírito. 

Entre mandingas, oferendas e orações, a narrativa destaca a força de Exu, a justiça de Xangô e a sabedoria ancestral do candomblé, exaltando a fé como ferramenta de resistência e equilíbrio. 

A escola busca mostrar que a religiosidade popular, com seus ritos e símbolos, é uma fonte de força e resistência para muitas pessoas, na luta pelo décimo título no Grupo de Elite do Carnaval do Rio de Janeiro. Em 2024, a escola ficou na quarta colocação.

A composição reafirma o compromisso da escola com sua herança cultural e evoca a proteção espiritual como um grito de união e força para entrar na avenida do samba com coragem e determinação em busca do título.

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Análise do samba-enredo da Salgueiro em 2025

A letra do samba-enredo Salgueiro de Corpo Fechado é, sem dúvidas, uma celebração poética e espiritual das tradições afro-brasileiras, com diversas referências a elementos de proteção e resistência. 

Logo nos primeiros versos, a música estabelece uma atmosfera ritualística, com imagens de velas acesas, pembas riscadas e pontos firmados, simbolizando a conexão com o sagrado. 

Isso é reforçado também pelas menções a Exu Pimenta e a falange de Xangô, reforçando o vínculo com o candomblé e o poder espiritual.

Prepara o alguidar acende a vela
Firma ponto ao sentinela, pede a bênção pra vovô
Faz a cruz e risca a pemba
Que chegou Exu pimenta e a falange de Xangô

A composição também menciona elementos como “arruda e alecrim” e “patuá”, símbolos de defesa contra as adversidades da vida cotidiana. Além de práticas de limpeza espiritual, como a defumação, para destacar a importância da proteção energética. 

Esses amuletos são carregados de poderes mágicos nas religiões umbandista e candomblecista, sendo considerados uma barreira poderosa contra energias negativas.

Tem erva pra defumar, carrego o meu patuá
Adorei as almas que conduzem meu caminho
Ê Mojubá, Marabô, invoque a Lua
Que o povo da encruza não vai me deixar sozinho
Sou herança dos Malês, bom mandingo e arisco
Uso a pedra de corisco pra blindar meu dia a dia
No tacho arruda e alecrim, ô ô ô!

A herança brasileira no samba da Salgueiro

À medida que o samba-enredo evolui, a Salgueiro mergulha também na história brasileira e em ícones de grande importância para o Brasil para remeter à luta e à resistência histórica que ajudaram a construir a identidade brasileira. 

A lista inclui o cangaceiro Lampião, a planta Macambira, muito consumida no sertão nordestino, e até os Malês, escravizados muçulmanos que conduziram uma revolta organizada na Bahia no século XIX. 

Essas referências exaltam o poder da fé e da resistência diante das dificuldades.

Sou herança dos Malês, bom mandingo e arisco
Uso a pedra de corisco pra blindar meu dia a dia
No tacho arruda e alecrim, ô ô ô!
Bala de chumbo contra toda covardia

No trecho acima, também há menções a “pedra de corisco” e “bala de chumbo”, que reafirmam a força de quem enfrenta as injustiças com coragem e determinação.

Essa conexão com o sertão e suas crenças populares, como a pajelança e as rezas, amplia o alcance do enredo, envolvendo diferentes tradições espirituais, sem se limitar às crenças afro, de modo a reafirmar a importância da fé como instrumento de cura e proteção.

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A força africana na proteção da Salgueiro

De todo modo, é inegável o peso da fé afro-brasileira em uma análise do samba-enredo da Salgueiro em 2025, que volta ao cerne da canção nas estrofes seguintes.

Isso ocorre, por exemplo, por meio da menção a “Egum”, termo que se refere à alma ou ao espírito de uma pessoa falecida, e da exaltação ao “seu Zé” – o Zé Pelintra, uma entidade espiritual da Umbanda, considerada o patrono dos bares, sarjetas e locais de jogo. 

Eu levo fé no poder do meu contra Egum
Salve seu Zé, que alumia nosso morro
Estende o chapéu a quem pede socorro
Vermelho e branco no linho trajado
Sou eu, malandragem de corpo fechado

Além disso, o trecho mencionado anteriormente também celebra a união na comunidade salgueirense, com uma referência às cores vermelho e branco, símbolos da agremiação carioca, celebradas como emblemas de força e identidade coletiva. 

O samba termina com um aviso poderoso, reafirmando que a força da Salgueiro e de sua curimba é inabalável, garantindo que quem ousar desafiar a escola enfrentará a proteção espiritual e a malandragem de um corpo fechado pela fé e pela tradição.

Macumbeiro, mandingueiro, batizado no gongá
Quem tem medo de quiumba, não nasceu pra demandar
Meu terreiro é a casa da mandinga
Quem se mete com o Salgueiro acerta as contas na curimba

O vídeo do samba-enredo: uma declaração de amor à fé afro

Para não deixar dúvidas sobre sua conexão com as tradições afro-brasileiras e a força espiritual que embasa o enredo, a Salgueiro lançou o clipe oficial do samba-enredo no Dia Nacional da Umbanda, 15 de novembro de 2024. 

A escolha da data não foi por acaso, celebrando as religiões de matriz africana e sua importância na construção da identidade cultural brasileira. 

O vídeo foi estrelado por Tia Glorinha, uma das matriarcas da escola e presidente da Ala das Baianas, e Sidclei Santos, 1º mestre-sala, trazendo uma encenação emocionante, com os personagens buscando na fé e na proteção espiritual a força para enfrentar os desafios.

Entre na folia com as melhores músicas de Carnaval

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